A ampliação do acesso a mamografia no SUS e o seu impcato operacional
A nova diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS), que amplia a faixa etária para mamografias gratuitas a mulheres entre 40 e 49 anos, representa um avanço histórico para a saúde pública. Contudo, sob a perspectiva de gestão hospitalar, essa mudança exige uma revisão profunda dos processos administrativos, tecnológicos e financeiros das instituições.
Essa política pública impacta diretamente o planejamento de Centros de Diagnóstico por Imagem (CDIs) e hospitais, demandando mais agilidade nos fluxos de agendamento, emissão de laudos e faturamento. Segundo dados do Ministério da Saúde, a medida pode gerar um aumento superior a 40% na demanda nacional por exames de rastreamento em 2025.
O desafio da gestão de capacidade no diagnóstico por imagem
Para o CEO hospitalar e para o gestor de diagnóstico, a principal preocupação é garantir que o aumento de volume não comprometa a qualidade assistencial. O risco de gargalos em agendamento, realização e laudos é alto quando não há integração entre sistemas de informação.
Além disso, o tempo de espera para resultados é um indicador sensível na oncologia. Segundo estudo publicado pela Revista Brasileira de Cancerologia (INCA), atrasos superiores a 10 dias entre o exame e o laudo podem reduzir em até 20% as chances de diagnóstico precoce.
Portanto, a eficiência operacional é uma questão de vida, não apenas de performance.
RIS e PACS: o núcleo tecnológico da eficiência
A infraestrutura digital é o coração da operação.
O RIS (Radiology Information System) precisa ser capaz de absorver o aumento no volume de cadastros, agendamentos e faturamentos sem perder consistência.
Já o PACS (Picture Archiving and Communication System) garante que as imagens médicas sejam armazenadas e distribuídas de forma segura e rastreável.
A integração entre ambos é o que assegura fluidez entre etapas. Quando RIS e PACS não conversam, surgem falhas de cadastro, perda de exames, duplicação de registros e atrasos no faturamento. Por isso, é essencial que o departamento de TI atue preventivamente com revisões de interoperabilidade, auditorias de performance e backup automatizado.
Além de boas práticas técnicas, como:
Padronizar protocolos DICOM MG para mamografia.
Adotar governança de dados alinhada à LGPD.
Automatizar o envio de exames para leitura via telerradiologia.
Implementar dashboards de fila e produtividade.
Essas medidas mantêm o controle de ponta a ponta, garantindo conformidade e previsibilidade financeira.
Telerradiologia: escalabilidade sem perda de qualidade
A telerradiologia surge como a principal estratégia de expansão da capacidade diagnóstica. Ela permite o compartilhamento seguro de imagens entre instituições e especialistas, garantindo SLA de laudos dentro do prazo, mesmo em períodos de alta demanda, como o Outubro Rosa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), clínicas que adotaram modelos híbridos com telerradiologia reduziram o tempo médio de entrega de laudos em 35%, além de aumentar a cobertura regional de atendimento.
Para manter a qualidade diagnóstica, o uso do BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System) deve ser rigidamente seguido. Esse padrão internacional garante consistência nos laudos e reduz a variabilidade entre radiologistas.
LGPD e rastreabilidade: segurança além do exame
A expansão da mamografia para mulheres de 40 a 49 anos amplia também a responsabilidade legal das instituições. Cada imagem e laudo médico contém dados sensíveis, protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Portanto, o sistema deve garantir:
Consentimento informado digitalizado e vinculado ao exame;
Rastreabilidade completa de quem acessa, edita ou transmite as imagens;
Criptografia ponta a ponta entre RIS e PACS;
Armazenamento em nuvem certificada para compliance regulatório.
Essas práticas não apenas evitam sanções, mas fortalecem a reputação institucional, sobretudo em auditorias clínicas e contratuais com o SUS.
Planejamento financeiro e sustentabilidade operacional
O aumento no número de exames implica crescimento proporcional no consumo de insumos, tempo técnico e armazenamento digital. Assim, a sustentabilidade dessa nova diretriz exige previsões financeiras robustas e a adoção de tecnologias que otimizem recursos.
A automação do faturamento TUSS e BPA dentro do RIS, por exemplo, reduz erros de cobrança e garante conformidade com os sistemas do DATASUS. Além disso, soluções de inteligência artificial integradas ao PACS já são capazes de priorizar casos suspeitos, otimizando o tempo do radiologista e acelerando a tomada de decisão clínica.
Estudos da Frost & Sullivan mostram que clínicas que utilizam IA aplicada à triagem em mamografia podem aumentar a produtividade em até 27%, mantendo a mesma equipe médica.
Indicadores que o CEO deve monitorar
Para que a estratégia digital seja efetiva, os principais indicadores de desempenho devem ser acompanhados com rigor:
Tempo médio entre exame e laudo (TAT);
Taxa de reconvocação e falsos positivos;
Custo por exame (incluindo armazenagem e telerradiologia);
Percentual de laudos BI-RADS 0 (que indica necessidade de reavaliação);
Satisfação das pacientes com o tempo de atendimento.
Esses indicadores permitem ajustes rápidos e sustentam decisões baseadas em dados — o que diferencia instituições preparadas daquelas que apenas reagem ao aumento de demanda.
Conclusão: governança e tecnologia como aliadas da saúde feminina
A ampliação da mamografia no SUS para mulheres de 40 a 49 anos é uma conquista coletiva, mas sua efetividade dependerá da capacidade das clínicas e hospitais de unirem governança clínica, tecnologia e eficiência operacional.
RIS e PACS integrados, telerradiologia confiável e conformidade com a LGPD são o tripé para garantir diagnósticos ágeis, seguros e financeiramente sustentáveis.
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